segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O mundo da arquitetura brasileira e Angelo Bucci no Segundo Caderno d’O GLOBO.




Com o título “Um novo arquiteto brasileiro no mundo”, foi publicada ontem, dia 20, uma breve reportagem e também uma entrevista com o arquiteto paulista Angelo Bucci dentro do Segundo Caderno, d'O GLOBO. Se o papel da arquitetura vem ganhando destaque neste caderno, o que é motivo para muito se comemorar, ainda temos um grande caminho a percorrer quando se trata de construir uma comunicação sólida da arquitetura brasileira. Seja dentro do nosso país ou com o mundo.

Afinal, como nos aponta o próprio título da reportagem, para um arquiteto brasileiro estar presente no mundo é preciso que ele seja visto e divulgado em países da Europa, da América do Norte ou Japão. É este o mote da reportagem que, mais do que focar na produção do arquiteto, salienta a importância do título de Bucci como membro honorário do AIA, sigla em inglês do Instituto Americano de Arquitetos, para fazer dele um “arquiteto brasileiro no mundo”.

Nesse ponto, acho importante nos perguntarmos sobre que mundo exatamente estamos tratado aqui. Até porque, será que antes do título norte-americano Angelo Bucci e sua obra não estavam inseridos no mundo? É no mínimo de se estranhar que seja preciso sempre o reconhecimento lá de fora para que possamos nos autorizar a estar no mundo mesmo que aqui dentro do nosso país. A arquitetura brasileira vista por nós mesmos parece ainda reconhecê-la como uma fortificação fechada e intransponível, em que ou se está dentro ou se está fora, e existem poucas nuances nesse grande esquema. Acho que a ojeriza por projetos de arquitetos estrangeiros aqui mostra um pouco disso também.

Sem dúvida, um dos grandes méritos de Angelo Bucci, e o prêmio da AIA confirma isso, está na sua capacidade de romper com esta idéia fechada sobre a arquitetura brasileira e se abrir para uma comunicação ampla e importante com outros países, como os Estados Unidos. Mas não foi só agora, com o título da AIA, que ganhamos um novo arquiteto no mundo. O que acontece é que tivemos a confirmação da representatividade de Bucci como um daqueles que não entendem porque a arquitetura brasileira tem tanta vergonha de se comunicar. Ei, mundo, nós temos muitos bons arquitetos aqui, sabiam?!

Se o resultado da arquitetura, diferente das artes visuais por exemplo, não pode viajar e ser exposto em museus do mundo para se fazer reconhecida, é através dos veículos de comunicação que ela se apresenta e é representada. Ainda temos muito o que construir para mostrarmos que estamos no mundo sim, diferente do que se possa pensar, e que muita arquitetura brasileira tem sido feita. Sem dúvida, um grande passo para isso está sendo dado pela iniciativa de Fernando Serapião de editar a revista “Monolito” em edições bilíngües. Nada mais justo do que começarmos com uma edição exclusivamente dedicada ao trabalho do arquiteto Angelo Bucci.

Vida longa à Monolito!

Lançamento no Rio de Janeiro, quarta-feira, dia 22, às 19:30h. Livraria da Travessa de Ipanema.

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