Assim como no início do século passado, o Rio de Janeiro vê agora, um século depois, uma nova série de grandes transformações na sua região central. Se Paris foi o grande modelo para as brutais intervenções de Pereira Passos, fazendo do Rio a Paris dos trópicos com sua suntuosa Avenida Central, quais os modelos que estamos buscando ou replicando nas atuais intervenções para a zona portuária do Rio? E, ainda, como se darão essas intervenções?
Desmonte do Morro do Castelo.
Bom, estamos passando por um momento mesmo muito semelhante aquele de um século atrás, pois um novo bota-abaixo está em curso no cais do porto e um novo projeto de destruir a cidade e aplicar outra por cima está sendo lançado. Como reagiremos desta vez? Esperaremos que a criatividade dos políticos cariocas resolva desmontar o morro da providência, como foi feito com o morro do castelo, para angariar mais espaço para as ambições de tornar o centro do Rio o cenário de um surreal e imaginário centro financeiro? Ou criaremos um espaço de diálogo que permita chegarmos ao PORTO QUE QUEREMOS?
Imagens catastróficas de lado, é fato que a política brasileira resolve os grandes projetos urbanos através da replicação de modelos e modismos. Isso foi feito por Pereira Passos ao procurar em Paris um modelo de cidade, ignorando nossa própria geografia e cultura urbana, enquanto outras cidades, como Chicago, já buscavam seus próprios discursos e modelos. Modelos estes que, anos depois, novamente seriam sugados aqui e transformariam outra vez nossas cidades. A avenida Rio Branco, no Centro do Rio, é um exemplo disso.
Avenida Central transformada em Avenida Rio Branco.
Então, por que não tentarmos encontrar as pistas dos modelos que estão implícitos nas propostas advindas da municipalidade para o porto do Rio?
Bom, o primeiro ponto que gostaria de levantar aqui é em relação à operação urbana, os cepacs e a outorga onerosa do direito de construir. Qual a primeira imagem que nos vem à mente depois de mencionados esses três instrumentos? Avenida Berrini, São Paulo. O novo centro financeiro da cidade de São Paulo parece servir de modelo para as intenções do Porto Maravilha de transformação dos bairros da zona portuária do Rio em novo centro de negócios. Voltaremos outra vez nessa idéia de nova Cidade Nova?
Ou é uma nova Puerto Madero? A aparição de Santiago Calatrava aqui no Rio quase nos obriga a cair na óbvia comparação com o projeto de revitalização portuária da cidade de Buenos Aires. Assim como a Barra da Tijuca é o espelho de Miami, parece que é sonho de muitos transformar o porto do Rio na cópia do já famoso porto argentino. Ou seja, a transformação das nossas cidades parece ser moldada pela predileção turística da classe média brasileira! Afinal, Miami e Buenos Aires, assim como já foi Paris no século passado e continua hoje, são os destinos mais procurados pela elite urbana do nosso país.
É claro que projetos não surgem do nada e que outros exemplos sempre servirão de base, consulta, incentivo e inspiração para nossos próprios projetos. O problema é quando eles se tornam meros modelos de reprodução. Se a revitalização portuária de Barcelona pode nos servir como grande exemplo, mais do que repetir sua fórmula e forma ela nos mostra que é necessário buscar um caminho de transformações que seja reflexo de uma cultura arquitetônica, urbana e social. E esse caminho só virá quando se estabelecer e estimular o diálogo entre as diversas partes da sociedade na busca de um verdadeiro e democrático projeto para o PORTO QUE QUEREMOS.
links das fotos
http://professorandregeografia.blogspot.com/2009/03/morro-do-castelo.html
http://cafehistoria.ning.com/photo/av-central-1906
http://classicalbuses.fotopages.com/?entry=1686354
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Olá
ResponderExcluirmeu nome é Ivana e sou graduanda em História. Me formo esse ano. Tenho um blog com meu amigo Ramon Mulin que só fala de assuntos acadêmicos. O Ponto Nulo No Tempo. Seria um prazer postar um artigo seu. Se tiver interesse meu email é ive.bert@hotmail.com. Além disso a tese que pretendo defender na minha monografia se refere a Belle Epóque. seria ótimo trocar umas idéias com vc. Adorei seu blog. Cordialmente Ivana
Prezado Conrado Vivacqa,
ResponderExcluirA Revista Cadernos do Desenvolvimento Fluminense propõe-se, desde a sua criação, a atuar como um espaço acadêmico importante para a reflexão sistemática sobre o impacto das transformações em curso no contexto sócio-econômico-territorial do Estado do Rio de Janeiro e de seus impactos em termos da consolidação de uma trajetória sustentável de desenvolvimento.
O artigo Redefinindo a Paisagem do Rio de Janeiro: dilemas constantes sobre o espaço carioca, de Augusto César Pinheiro da Silva, discute a uma "condição identitária carioca" que aceita mudanças constantes da paisagem da cidade do Rio de Janeiro, como reflexo de políticas de modernização espacial que vêm sendo implementadas por agentes políticos em variadas escalas. Argumenta, nesse sentido, que, ao longo dos seus 450 anos, a cidade passou por mudanças reestruturantes da sua morfologia, cujas intencionalidades seguem os modelos tradicionais de desenvolvimento socioespacial, que, muitas vezes, não respeitam as características gerais do sítio carioca e as necessidades de qualidade de vida de sua população. As evidências históricas indicariam que tais modelos se repetem regularmente, adquirindo particular significância no contexto atual de significativas transformações na paisagem da cidade. Em particular, a análise desenvolve uma análise crítica do modelo de cidade ressignificada por megaprojetos, apontando os riscos de exclusão social e de eliminação da pluralidade de espaços que deveria nortear a estruturação de um ambiente urbano com atmosfera mais cosmopolita.
Para fazer isso, o autor utiliza uma série de imagens, incluindo a de seu site (vide abaixo).
Gostaríamos de solicitar sua autorização para publicarmos sua imagem no artigo em nossa revista, esclarecendo que não se trata de uma utilização comercial; pelo contrário, o interesse é puramente acadêmico.
Cientes de sua compreensão e aguardando sua resposta, desde já agradecemos,
Camila Cunha
Assistente I
Revista Cadernos do Desenvolvimento Fluminense
Fundação CEPERJ
Centro de Estatísticas Estudos e Pesquisas
camila.cunha@ceperj.rj.gov.br
Imagem: Desmonte do Morro do Castelo.