Ontem, no Domingo, chegaram às bancas os dois primeiros livros da Coleção FOLHA Grandes Arquitetos e, é claro, corri logo cedo para conhecer o material que nós havíamos divulgado aqui em uma postagem da semana passada. Incrivelmente, pois eu não esperava, esta é uma das nossas discussões mais acessadas do blog nesses últimos tempos e, justamente por isso, parece ser aquela em que melhor podemos contribuir para um debate que faça jus ao nome desta plataforma virtual: transbordarquitetura! Afinal, o grande número de pessoas interessadas sobre a coleção que visitaram o blog e que, como pude verificar na minha banca de jornal, compraram os seus primeiros volumes, nos mostra um interessante movimento que rompe com a solidez de um campo tão auto-centrado e distante dos outros interlocutores da cultura, inclusive no que diz respeito à mídia geral, como é a arquitetura. Um caminho fértil então para discutirmos algumas possibilidades de comunicação e troca entre arquitetos e não-arquitetos.
Frank Lloyd Wright e Renzo Piano foram os grandes nomes escolhidos para a estréia da coleção e, nesse sentido, acredito que começarmos a pensar as intenções envolvidas na escolha desta dupla como estratégia para a compra da coleção pode, em muito, contribuir para entendermos melhor como se dá o alcance da arquitetura com o público geral. Afinal, não sem porque esta dupla foi escolhida para atrair leitores-consumidores, cada um deles apresenta um perfil distinto que, considerando a presença temporal e a inserção de suas obras, pode atingir distintos públicos. Ao que me parece, e gostaria de colocar isso como uma hipótese a ser discutida com vocês, Wright foi escolhido por ser um nome bastante conhecido de todos e que atrairia aquela parcela do público que conhece o que é notório da arquitetura, seus antigos e grandes arquitetos, enquanto Piano reforça a qualidade do time de arquitetos contemporâneos e chama aqueles que já conhecem bastante da arquitetura, como estudantes, para a compra dos livros.
Não à toa também, Oscar Niemeyer foi escolhido para ser o grande chamariz da primeira edição a ser vendida com o preço original, R$16,90 por volume, a sair na semana que vem, uma escolha que revela a notoriedade do arquiteto brasileiro entre aqueles que podem se interessar tanto por Wright quanto por Piano como também por aqueles que perderam os primeiros livros e que encontram no nome mais conhecido de arquitetura no Brasil a oportunidade para começar a coleção. Nesse caminho, fica pra mim a vontade de conhecer realmente daqueles que trabalharam na estratégia de vendas da coleção as intenções por trás da escolha de cada nome elegido para dar cara a cada número da coleção, pois poderíamos ter informações que nos alimentariam para outros vários caminhos de discussão. Assim como seria muito interessante ter os números de vendas e saber quais foram aqueles arquitetos mais procurados, o que também daria para nós um perfil interessante do público que procurou os livros.
Enfim, acho que temos muito ainda o que garimpar dos primeiros resultados e daqueles que ainda virão com a venda desta coleção de livros pelo jornal de maior circulação do país, a Folha de São Paulo. É uma oportunidade muito boa para enfim aproximarmos arquitetos das discussões da sociedade, da mídia não especializada em arquitetura e do cotidiano cultural dos brasileiros. Li no jornal que a procura por livros da Clarice Lispector aumentou consideravelmente depois que uma personagem da novela Malhação, da Rede Globo, começou a ler seus livros, e me senti surpreso (olha que tonto!) em ver que a mídia tem cumprido um papel que sempre foi da escola. É ainda distante o sonho de ver arquitetura sendo pensada e discutida nas escolas do nosso país, pois não alcança nem as rodas de papo da maior parte da nossa elite cultural, mas quem sabe possamos aproveitar esta porta que se abriu com a divulgação desta coleção de livros para alcançar vôos maiores? Parece, pelo menos foi o que me disse meu jornaleiro, que a coleção que antecedeu a dos Grandes Arquitetos, sobre ópera, teve uma imensa procura principalmente de um público bem jovem. Vamos aproveitar isso?
E vocês, compraram os livros? Ainda vão comprar? O que acharam dos primeiros volumes?
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