domingo, 21 de agosto de 2011

SAUL STEINBERG – Crônicas da linha de um arquiteto.

Exposição SAUL STEINBERG – AS AVENTURAS DA LINHA se despede hoje do IMS, no Rio de Janeiro, e entra em cartaz em São Paulo, no próximo dia 3, na Pinacoteca.


          É claro que seria impossível para mim, como estudante de arquitetura, visitar a exposição SAUL STEINBERG – AS AVENTURAS DA LINHA , que fui ver no Rio e que pretendo ir de novo em Sampa, sem olhar o incrível e cômico trabalho do grande cartunista da NEW YORKER como sendo também uma obra de um arquiteto de formação. Steinberg se formou em arquitetura em 1940, pela Politécnica de Milão, e leva para seus famosos desenhos, crônicas da vida moderna, especialmente da americana, traços mais que perceptíveis de sua passagem pelas cadeiras da faculdade em arquitetura.

          Fica difícil então, visitando sala a sala da exposição, não procurar na memória a lembrança daquelas aulas de desenho de observação, a turma de recém ingressados na faculdade sentados em alguma esquina da cidade, tentando, mais do que copiar a arquitetura ali exposta, aprender sobre o jeito próprio que cada um tem para captar as imagens da cidade. Steinberg parece reiterar com sua obra genial a importância daquelas aulas e da busca da percepção através do desenho como forma de apreender a cidade e suas arquiteturas. Uma obra que é também uma aula sobre um dos mais fundamentais instrumentos da arquitetura: o desenho.



         Talvez por isso eu tenha ficado tão feliz ao ver uma turma de estudantes de arquitetura visitando a exposição no Rio, orientados por uma professora atenta à importância do conhecimento da obra de Steinberg como uma forma de, em tempos de instrumentos digitais, renovar os votos sobre a crença no desenho como importante ator no desenvolvimento de um arquiteto em formação. Espero encontrar também em São Paulo, cidade com o maior número de escolas de arquitetura, a partir do dia 3 de Setembro, muitas turmas interessadas no destino desse arquiteto que virou um dos maiores cartunistas da História.


 
     Vendo seus trabalhos e a qualidade do seu desenho, fica difícil não ter vontade de ver uma exposição só sobre os desenhos de arquitetos, novos e antigos. Como será o traço de Paulo Mendes, por exemplo? Se os desenhos de Niemeyer já estão imortalizados na nossa memória, como seriam os de outros arquitetos, como Lucio Costa, Reidy, Artigas, Peter Zumthor, Jean Nouvel? Zaha desenha à mão? A proximidade de Steinberg de Lina Bo Bardi, que assim como ele também estudou na Itália, em Roma, e que esteve muito próxima dele quando trabalhava em Milão, nos faz logo pensar na qualidade do desenho de Lina como parte fundamental da sua arquitetura - Steinberg no auge do seu trabalho expôs no MASP, quando Pietro Maria Bardi, marido de Lina, ainda era diretor da instituição. A arquitetura de Lina, como de tantos outros, não existiria e nem seria a mesma sem seus trabalhos especulativos no desenho. Não no desenho técnico, que se facilitou com instrumentos digitais como o AutoCad, mas no desenho livre, aquele que mais se conecta com nossa imaginação e que melhor representa a ponte entre os nossos desejos e a realidade.

         Fica para nós a vontade de uma exposição sobre o desenho na arquitetura, mas por enquanto ficamos muito bem com Saul Steinberg – a Aventura da Linha, logo logo em cartaz na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Oba!

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