sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O novo projeto de fachada para o Shopping Rio Sul, no Rio de Janeiro, e a perda da sua relação com o espaço púlico.

Olá a todos!

Bom, gostaria de começar aqui com vocês uma breve discussão sobre a nova fachada do Shopping Rio Sul, no Rio, e sua nova relação com o espaço público. Sempre me pareceu estranha a grande ausência nas discussões de projeto de arquitetura, seja na mídia especializada ou na academia, sobre espaços de uso coletivo como os Shoppings Centers. É indiscutível a presença deles em grande parte das nossas cidades como também é impossível desconsiderar a sua consolidação e importância como espaço de convívio social, trocas culturais e uso coletivo.

Sendo assim, nada mais natural, acredito, que discutir as mudanças de projeto do maior shopping Center da Zona Sul do Rio e analisar como este novo projeto afeta sua relação com os espaços públicos da cidade.

Por conta da minha leitura do livro “In Search of a New Public Domain”, como comentei no post anterior, tenho pensado constantemente na potência presente na fronteira entre espaços de uso privado e público. É exatamente nesse lugar de conflito que surgem as potencialidades para um verdadeiro intercâmbio entre diferentes grupos e segmentos sociais, o que contribui para a construção de uma sociedade menos segregada e mais plural.

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Pois bem, o antigo projeto do Shopping Rio Sul, de autoria do arquiteto Ulysses Petrônio Burlamaqui, data da década de 80 e traduz uma versão de Shopping Center ainda muito atrelada ao formato das pequenas Galerias Comerciais existentes no Rio. Porém, neste caso, se tratava de uma galeria comercial de grandes proporções.

Nesse sentido, as pequenas galerias comercias sempre se caracterizaram como extensões das lojas e da rua trazidas para o interior das edificações, levando consigo, assim, o espaço de uso público para dentro de um território privado. Por isso, os limites entre público e privado, no caso das galerias, se revelam fluidos e carregam, em desenho e projeto, elementos da rua para o interior das edificações. O prolongamento do piso das calçadas, bancos de praça e outros recursos são utilizados para ressaltar o caráter dúbio desses espaços.

No caso do projeto original do Shopping Rio Sul, que infelizmente não consegui encontrar disponível na internet, esses elementos utilizados nas galerias também apareciam ali. Nas suas duas portas de entrada principais existiam pequenos jardins, com bancos e plantas, marcando um espaço de encontro, socialização e intercâmbio entre a rua e o interior do Shopping.

No novo projeto, como mostrado na foto abaixo, os elementos de projeto que permitiam a socialização , como os jardins e os bancos, desapareceram e deram lugar a uma grande muralha de vidro espelhado e mármore. A separação entre o que é espaço público e o interior do Shopping está devidamente marcada, mesmo embora, como mostra a foto, exista uma demanda das pessoas por um local de permanência e troca. Como vemos, por se tratar de um ponto de espera, de encontro, de paradas de táxi e pontos de ônibus, as pessoas agora utilizam da muralha de vidro como apoio para o corpo. Da mesma forma, os bancos da rua estão sendo largamente utilizados, assim como, acredito eu, os bancos do interior do shopping. Porém, como uma diferença avassaladora em relação à antes, não há mais troca.



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