Ultimamente ando muito ligado a pensar, devorar textos, ingerir imagens da tão misteriosa e surpreendente cidade de Detroit, capital do estado norte-americano do Michigan. Sendo assim, não se surpreendam se a partir de agora muitas coisas novas ligadas à isto aparecerem por aqui neste blog, até porque Detroit é tão instigante que não parece que vá parar de trazer à tona novas questões poéticas, estéticas, filosóficas e políticas.
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Pois bem, Detroit, para quem não está familizarizado, sempre foi a cidade referência, ou garota propaganda, da indústria automobilística nos Estados Unidos e, justamente por isso, refletia em cada uma das suas ruas as marcas dessa estreita relação. Quer dizer, a cidade ainda é reflexo daquela metrópole do passado que chegou a ter um milhão e meio de habitantes na primeira metade do século XX, sede da General Motors, só que hoje a única propaganda possível é de uma cidade que só faz encolher, com uma população majoritariamente negra e latina, centenas de casas abandonadas, edifícios vazios e um futuro incerto.
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Isso porque, com a diferenciação das estratégias de mercado e a fuga das indústrias para países do terceiro mundo de mão de obra menos qualificada e mais barata, a cidade de Detroit que era tão subordinada ao movimento de capitais vindos da indústria do automóvel perdeu sua maior fonte de investimento e também sua principal característica definidora - Detroit era a própria cidade do automóvel.
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Dentro de toda essa realidade de dependência e decadência, seja desta cidade ou da própria indústria automobilística, não esquecendo o impacto da bolha imobiliária recente ocorrida nos EUA para as cidades norte-americanas, um novo movimento tem buscado “voar com a bala” e encontrar as incríveis possibilidades que existem num campo de experimentação tão generoso quanto da cidade decadente, vazia e abandonada, que é resultado de um processo natural do sistema a que quase todas as cidades do planeta estão subordinadas.
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Há quem diga que as cidades do futuro serão, por conta dos movimentos de valorização e abandono promovidos pelo próprio capitalismo a partir da sua mudança de interesses, cidades abandonadas em detrimento da busca e valorização de outras até que estejam novamente no foco do interesse econômico. As cidades pólo que disponibilizarem as facilidades para o desenvolvimento do capital atrairão pessoas, dinheiro e vida, enquanto aquelas que já não disponibilizam mais estas facilidades serão abandonadas, num processo sem fim certo. Ou seja, o mundo verá, a partir desse viés, cidades vivas e outras mortas, dependendo das demandas do capital.
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Dentro deste novo panorama pressuposto, Kyong Park, arquiteto e artista sul-coreano radicado nos Estados Unidos, ironiza em uma de suas principais obras os processo de transformação dessa sociedade que se abandona, se perde e se esvazia em memória, que já não tem mais fronteiras e que se faz errante em si mesma. Em 24620: The Fugitive House, Park dá um CRTL+C em uma das centenas de casas abandonadas e vazias de Detroit, recortando literalmente a edificação do seu contexto, e a remonta em outras cidades mundo afora. Viajante como o próprio Park, que está sempre em trânsito, a casa não tem destino certo e parece compartilhar de um novo mundo onde os fluxos se intensificam e a velocidade é tamanha que nada mais parece familiar, estável ou seguro. A própria casa, símbolo da estabilidade, fixação e do enraizamento, já não se encontra mais em lugar algum. A casa viajante, fugitiva de seu contexto, já não se reconhece em lugar algum.
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Detroit é, sem sombra de dúvidas, um campo fértil.
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Pois bem, Detroit, para quem não está familizarizado, sempre foi a cidade referência, ou garota propaganda, da indústria automobilística nos Estados Unidos e, justamente por isso, refletia em cada uma das suas ruas as marcas dessa estreita relação. Quer dizer, a cidade ainda é reflexo daquela metrópole do passado que chegou a ter um milhão e meio de habitantes na primeira metade do século XX, sede da General Motors, só que hoje a única propaganda possível é de uma cidade que só faz encolher, com uma população majoritariamente negra e latina, centenas de casas abandonadas, edifícios vazios e um futuro incerto.
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Isso porque, com a diferenciação das estratégias de mercado e a fuga das indústrias para países do terceiro mundo de mão de obra menos qualificada e mais barata, a cidade de Detroit que era tão subordinada ao movimento de capitais vindos da indústria do automóvel perdeu sua maior fonte de investimento e também sua principal característica definidora - Detroit era a própria cidade do automóvel.
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Dentro de toda essa realidade de dependência e decadência, seja desta cidade ou da própria indústria automobilística, não esquecendo o impacto da bolha imobiliária recente ocorrida nos EUA para as cidades norte-americanas, um novo movimento tem buscado “voar com a bala” e encontrar as incríveis possibilidades que existem num campo de experimentação tão generoso quanto da cidade decadente, vazia e abandonada, que é resultado de um processo natural do sistema a que quase todas as cidades do planeta estão subordinadas.
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Há quem diga que as cidades do futuro serão, por conta dos movimentos de valorização e abandono promovidos pelo próprio capitalismo a partir da sua mudança de interesses, cidades abandonadas em detrimento da busca e valorização de outras até que estejam novamente no foco do interesse econômico. As cidades pólo que disponibilizarem as facilidades para o desenvolvimento do capital atrairão pessoas, dinheiro e vida, enquanto aquelas que já não disponibilizam mais estas facilidades serão abandonadas, num processo sem fim certo. Ou seja, o mundo verá, a partir desse viés, cidades vivas e outras mortas, dependendo das demandas do capital.
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Dentro deste novo panorama pressuposto, Kyong Park, arquiteto e artista sul-coreano radicado nos Estados Unidos, ironiza em uma de suas principais obras os processo de transformação dessa sociedade que se abandona, se perde e se esvazia em memória, que já não tem mais fronteiras e que se faz errante em si mesma. Em 24620: The Fugitive House, Park dá um CRTL+C em uma das centenas de casas abandonadas e vazias de Detroit, recortando literalmente a edificação do seu contexto, e a remonta em outras cidades mundo afora. Viajante como o próprio Park, que está sempre em trânsito, a casa não tem destino certo e parece compartilhar de um novo mundo onde os fluxos se intensificam e a velocidade é tamanha que nada mais parece familiar, estável ou seguro. A própria casa, símbolo da estabilidade, fixação e do enraizamento, já não se encontra mais em lugar algum. A casa viajante, fugitiva de seu contexto, já não se reconhece em lugar algum.
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Detroit é, sem sombra de dúvidas, um campo fértil.
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