domingo, 28 de março de 2010

Construindo referências...procurando caminhos para o Projeto VII.


É bem provável que este blog seja mais um encontro comigo mesmo do que uma plataforma de discussões e troca de idéias como eu tanto gostaria. Não sei porque insisto em tentar fazer dele um espaço maior do que pode ser, ou do que deve ser. Afinal, qual o problema em ser apenas o meu diário seguro para discutir coisas tão bobas e inúteis quanto pode ser qualquer coisas que passe pela minha cabeça? Ok, também não é tão terrível e dramático assim. Porém, talvez tenha chegado a hora de transformar este espaço num lugar verdadeiramente meu, onde eu possa colocar tudo aquilo que me passa pela cabeça e que por algum motivo estranho eu considere que vale a pena dividir com seja lá quem for. É o que eu farei.


Não fui hoje cedo, como havia me comprometido com meu grupo, fazer o levantamento dos gabaritos da nossa área de intervenção de Projeto VII. Era domingo e chovia, assim pensei na hora, então preferi ficar em casa e ir atrás das imagens e referências arquitetônicas para colocar no nosso cartaz de apresentação do seminário de projeto. Resolvi começar pelo MAM de São Paulo, ele já estava entranhado em mim como referência mas só ontem conversamos sobre ele para o trabalho.

Ano passado, durante uma orientação do professor Milton Braga que mais se parecia com uma boa conversa, falávamos do MAM de São Paulo e sua interferência no conjunto construido por Niemeyer para o Ibirapuera. O edifício do MAM não fazia parte do conjunto original e sua construção não foi discutida com o famoso arquiteto, gerando um contraste delicioso para boa sdiscussões. Milton dizia que o museu corta a lógica de circulação da marquise ao se tornar uma grande barreira que interrompe a passagem de quem está indo em direção ao edifício de Bienal e eu não concordei. Não concordei que sua intromissão no conjunto fosse algo ruim, como ele sustentava o tempo todo. Intuitivamente, antes de qualquer coisa, eu achava o museu fantástico. Ele me dizia que era uma barreira que não entendia o conjunto, e eu dizia que era a sua curva de vidro que me fazia ter vontade de ir até o prédio da bienal, como alguém que pega carona na marolinha de uma onda. Fechamos o papo aí, mas as reverberações desta conversa continuaram para mim.
Hoje, pensando no que absorvo do museu como referência para o projeto VII, entendo que grande parte daquela discussão se desenvolveu. Continuo achando que a barreira visual do MAM diante do conjunto de Niemeyer (sim, concordo que é uma barreira visual) não é uma barreira que impede a circulação dos visitantes do Ibirapuera pela marquise. Pelo contrário, continuo a achar que a onda de vidro carrega as pessoas até o prédio da bienal, com o auxilio luxuoso do jardim de esculturas pensado por Burle Marx. Uma barreira visual não necessariamente impede a circulação de pessoas, pelo contrário, pode ser examente aquilo que atrai e impulsiona as pessoas ao passeio ou à travessia.

Mas o que mais me atrai nisso tudo não é a barreira diante do fluxo, mas sim sua infiltração no conjunto. Me parece que o museu, assim como uma planta menor que se agarra à uma grande árvore para dividir benefícios, se inflitra na marquise para se nutrir de visitantes do parque e se proteger do sol. O MAM ali debaixo, no meio do caminho, pareceu buscar o ponto fácil para conseguir se aproveitar de tudo que precisa, parasita daquele sistema. Um parasita que, por fim, parece hoje já ser parte integrante deste organismo, para parar por aqui com as alusões à biologia. O edifício do MAM tem a beleza de encontrar o seu lugar e parecer que nenhum outro lugar seria melhor do que aquele.
É esta nossa referência de projeto baseada no MAM. A capacidade de um edifício, ou parte dele, de se infiltrar num conjunto e fazer parte de um sistema maior. Em nossa conversa, no grupo, trouxemos outros exemplos desta mesma lógica mas não sei se tão significativos ou tão belos quanto o MAM. O caso do museu das telecomunicações, dentro do Oi Futuro ( Ex-Centro Cultural Telemar), no Rio, também se assemelha à esta nossa busca. O projeto, fruto de um concurso no qual o Oficina de Arquitetos saiu vitorioso, constrói o diálogo entre dois blocos que representam duas arquitetus de dois tempos. Estes dois blocos são costurados por uma grande escada, o grande chamariz do projeto, que ziguezagueia amarrando os dois tempos. Dentro de um dos blocos, como um organismo outro, está o museu das telecomunicações. O museu ocupa todo o quinto andar do centro cultural, tem uma entrada e uma saída e possui certa independência dentro do conjunto. Não é uma edificação dentro de outra, mas traz este caráter de parasita dentro de outro organismo. Da mesma maneira como o novo bistrô da Casa França-Brasil, também no Rio de Janeiro, que é um prisma alienígena ao conjunto e independente da arquitetura que o abriga.

Para finalizar esta conversa, outro exemplo valioso e referencial no sentido de arquitetura infiltrada, porém com um caráter mais estético e com a força da imagem, é a Cidade da Música do Rio de Janeiro, do arquiteto Cristian de Portzamparc. Prismas espelhados com programas bem definidos se acoplam e se agarram a grande estrutura, fazendo delas interferências claras dentro da lógica do conjunto que fortalecem a facilidade de identificação àqueles que precisam apenas acessá-las.

Por enquanto é isso. Espero que continuem acompanhando nosso processo de desenvolvimento do projeto. Logo em breve trago mais discussões, referência e imagens do projeto. Vou escanear alguns desenhos para divulgar aqui, embora sejam só os primeiros esboços do que imaginamos pra edificação.


Até a próxima, obrigado pela paciência na leitura.

Grande Abraço!

Um comentário:

  1. Ok...ainda tá tosco e cheio de erros do ímpeto de não pensar muito. Mas é assim, né?

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